segunda-feira, 11 de maio de 2020

ponto final dela, de verdade ou constatação do fim derradeiro

constatação do fim derradeiro (enquanto quarentenado) e do afatasmento
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conversamos um pouco sobre as lives que estavam tendo e decidi dizer que ia tomar banho e me desculpei por "qualquer coisa" e assim começamos o assunto da falta, da ausência dela por não estar bem (devido diversos fatores, como a quarentena, o ex e inércia) e ela procurou me explicar que todas as vezes que conversamos, ela não consegue corresponder com o que exijo ou requisito de certa forma (sendo gentil, carinhoso, apaixonado ou taraaaaaaaaado nela) por se sentir em outro momento, caso pudesse escolher outro momento para viver o que vivemos, certamente o faria por não achar que estava emocionalmente bem e nem justo não ter vivido plenamente sem bagunçar sentimentos e não estar pronta. ela não está e prefere não estar por respeitar o que acha necessário sentir, por deixar as dores doerem e deixar isso passar, como em um processo de cura natural, sem intervenções e se sente sufocada ou exigida quando conversamos por eu ter a expectativa d eum amanhã e por isso me chatear.

disse que via uma divisão no raciocínio e no caminhar das coisas, como que em um, ela pergunta se estarei presente como acompanhante, copiloto de uma caminhada numa nova estrada da vida e sempre confirmo e estou presente, sendo que no segundo, ela não está lá. não exigi decisões e nem acho justo tornar algo decisivo. "sei que eu te dei esperanças, porque eu queria que fosse a hora certa e não é". ela se sente esgotada com as coisas e que precisa se afastar, de tudo e de todos, portanto, diferente de antes. está em um caminho de cura, como o supracitado.


aí caguei no pau e disse que eu devia desculpas por ter ido àquele bar e tomar o espaço na cabeça e no coração como alguém que ela escolheu estar, quando lá existia alguem que ela escolheu superar. eu sou um bosta, eu sei
tenho muito forte em mim essa ansiedade por saber, por causar mudança nela como ela mudou em mim, transformou em mim e me desculpei por ser um boy lixo, ali ela consertou e ouvi elogios mais belos que uma ex ou rolo já me disse "voce é um ser humano unico, incrível e sensivel que eu tive o prazer de dividir momentos lindos"  "você não foi alguem que destruiu minha vida. voce me ensinou muito sobre mim e sobre o que eu merecia. espero que tenha se sentido amado do mesmo jeito que eu me senti. obrigada pelos nossos momentos. é isso que eu vou levar sempre. não queria que voce achasse que foi um erro pra mim." "eu sei o que voce me causou e voce tem que acreditar na verdade que sai de mim. não da bola pro que sua cabeça fala. lembra dos nossos momentos juntos e isso vai fazer sentido"

como conclusão, falei com a jessica que me sinto apaixonado porque foi muito bom, muito foda e nunca me envolvi tão profundamente em anima, em espirito, em punção, em vontade com alguém como foi com ela e isso me pega muito e sempre que eu penso e falo dela, eu volto a sentir amor e não tenho largado o osso, como pensar que em dias melhores, estaremos juntos ou conversaremos como amantes e tudo mais.
PERGUNTA: SE EU GOSTAVA DELA, DA RELAÇÃO COM ELA OU SE EU TINHA MEDO DE ESTAR SOZINHO
RESPOSTA A PERGUNTA: TUDO, quando eu passei a enxergar quao agente transformador ela foi pra mim, eu passei a me sabotar e me sentir muito acoado e com medo de estar sozinho tamanha presença que ela representou nessa fase e nesse período, e essa é a diferença entre ela e a estrangeira

terça-feira, 22 de maio de 2018

Quando acaba, a gente olha pra trás e vê que tudo se repete

É meio complicado quando algo está prestes a terminar ou prestes a acabar. É meio que aquela história do filme que não para nunca de se repetir, com os melhores e piores momentos de toda aquela vida e tal.

Assim, o sentimento certo, a palavra certa não é complicado, não é chateação nem nada. É tristeza.
Eu fiz outra vez isso, de mentir sobre algo que não aconteceu. Eu lembro da primeira vez que eu menti sobre isso, e que eu estava ali na oitava série e menti sobre uma amiga que eu conhecia ali do bairro e que eu estudava junto.

Eu meti na cabeça que tinha acontecido e tentei convencer ela da minha mentira, principalmente quando foram tirar a prova dos 9 com ela. Acabava ali uma amizade pouco construída e com pouca força.

Agora eu perco você, que assim, por um ano e pouco, foi uma pessoa muito, mas MUITO importante pra mim. Claro que depois da Argentina eu não me sinto mais na mesma vibe que você, eu ainda sou jovem, eu ainda faço bosta e fico quieto e pensativo muitas vezes durante um rolê, porque eu tenho que me controlar, tenho que me podar. Eu não vejo mais as coisas batendo como batiam antes, quando a gente realmente era carne e unha, estávamos ali a todo momento juntos, mas isso não significa que deveria acabar, que deveríamos nos odiar ou prejudicar um ao outro.

Mas assim eu o fiz, muito bêbado, eu fui lá e menti sobre ficarmos. Eu tenho em minha memória, um momento nosso a sós no carnaval em que você pediu um beijo, mas parece que você não, e que você não trabalha com essa possibilidade. Tudo bem por mim, eu vinha trabalhando nela desde o carnaval, eu vinha trabalhando nisso desde sei lá quando, e eu venho seguindo com isso. Isso me gerou muito stress, pensamento ambíguo por semanas, meses e eu esclareci quando eu saí da minha rotina, quando saí de perto de ti.

Você me trouxe muitas, mas muitas coisas boas. Eu sou franco, hoje, sobre o que tenho em mim, tenho muitas coisas novas que aprendi e sou uma pessoa muito diferente do que eu era quando estava completamente quebrado. Tenho outros amigos, outras amizades, mas isso parece e soa falso, frágil sempre. Mas claro, como sempre tiro algo de bom das pessoas, eu tirei muito dessa amizade, que eu construí e desconstruí.

Vai doer como dói agora sair de perto de ti, ainda mais porque eu me reaproximei de ti. Parece que eu fui pra frente e pra trás nesse meio tempo e eu me sinto muito, mas muito estagnado e triste. Ah, e claro, eu continuo a mentir como mentia anos atrás, e isso me traz dor, isso me machuca, isso me causa dolo. E eu sou burro por não deixar de beber, eu sou burro por continuar a fazer amizades assim e eu sou burro por manter a mesma fixação por conversa que eu tinha há anos atrás e não resolver essa questão.

Eu sou burro, não cresço e não consigo progredir.
E é por isso que eu perco as pessoas.

sábado, 7 de abril de 2018

Quando o tempo passa e o remédio é sumir

Geralmente eu deixo as coisas acontecerem e tudo passar.

Fico com a expectativa para mim e quando vou ver, o tempo exato das coisas acontecerem já passou. O tempo exato de ser o grande cara, de ser o grande cidadão passou. De ser o amante...

Eu perco muito tempo dentro da minha própria cabeça, eu perco muito tempo cozinhando e eu perco muito tempo em meus próprios pesadelos e dentro de minha própria experiência, deixando com que o medo de seguir em frente e deixar que as coisas acontecessem tome conta de mim. Eu tenho muito medo de ser eu.

E eu não posso ser a mesma pessoa que eu fui, a mesma pessoa que eu sempre me torno e a pessoa que eu tenho a tendência de ser.

Eu tenho ido à terapia em recomendação da Jéssica, eu ainda assim, preciso e não me sinto preparado para relacionamento algum, eu não me sinto preparado para tomar rumo e ter um grande compromisso com alguém, pois sei que eu não posso segurar isso com as minhas mãos e tenho medo de mim mesmo.

Portanto, mais uma vez, deixo a hora passar, deixo o momento oportuno passar diante minha história, deixo com que tudo passe para tirar o tempo sabático que eu tanto preciso. E finalmente, me tornar um alguém completo, comigo mesmo, um alguém importante para mim mesmo e um alguém saudável.

Eu pretendo evoluir, espero que todas minhas amizades, espero que minha família, espero que todos com quem convivo, gosto e amo entendam, mas este período, é um período para que eu consiga descansar, pensar de cabeça vazia e meditar sobre tudo que sou, fui, me tornei e preciso me transformar.

Eu preciso tirar das costas o meu passado. Eu preciso tirar da minha cabeça e do meu coração o peso que a herança maldita de minha família traz. Eu preciso tirar de mim, a metade de mim que desperdiça a vida e o bem estar alheio.

Eu preciso entender o que é amar a si, amar ao outro e amar. Eu preciso entender o que significa estar bem comigo, preciso entender quem eu sou, o que fazer e como fazer.

Preciso de mim.

Pra que possa voltar e dar o melhor de mim à vocês.

Entre lágrimas, que há muito tempo não escorriam, me despeço de vocês para daqui um breve momento, um breve tempo, eu possa me tornar o Alexandre.

E largar Lázaro. E largar Xan. E largar Xande. E me tornar alguém que eu sou, não que me chamam.

Preciso me tornar eu.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Rápido, rápido que eu já estou saindo

A terapia vai bem. Desde que comecei, consigo me controlar em diversas situações e algumas outras estão sendo expostas e se tornando mais palpáveis agora que falo em voz alta e alguém está lá para ouvir.

Pra ser bem rápido e tirar da cabeça logo, sem tornar este mais um texto meloso, eu descobri, ou melhor, redescobri que não estou apto a me relacionar afetivamente a uma pessoa. Minha concepção está quebrada. Logo eu, que tanto acreditei no amor, que tanto sofri e lutei por ele, estou quebrado e não consigo me ver nos braços de outrem assim, feliz, pelo tempo que durasse. Eu não começo por já saber que vai terminar mal. E algumas coisas foram indo e passaram do tempo de dar bom.

Eu tenho uma figura muito clara e viva na minha cabeça, que é o trem que sempre vai embora e eu não consigo alcançar. Eu preciso sempre correr atrás dele, mesmo ele indo embora e eu não conseguindo embarcar. Sei que ainda posso pegá-lo na estação seguinte ou tentar ir um pouco mais cedo e direto, mas ainda sim, o trem pode me deixar lá sozinho. E é este maldito trem que eu percebo diversas vezes na semana e no meu dia a dia. Este trem me causa um stress absurdo, é como se a representação do mesmo me esmagasse, me sufocasse, mas também é algo que devo conviver.

Eu tenho dois lados, claro e escuro, yng e yang, eu sei que tenho isso porque esse é o maior motivo para eu ter medo de me relacionar com alguém, eu posso machucar pessoas, e isso quem faz, quem executa e quem deixa acontecer, bom, a resposta vem no singular. Sou eu. Eu sou emocionalmente quebrado e não estou apto a me relacionar com ninguém e isso tem um bom tempo.

E eu, bom, perdi você. O trem passou, eu não embarquei e hoje corro atrás, mesmo sem saber que ele nem está na próxima estação, mas sim, na próxima linha, andando paralelamente a mm, mas nunca me encontrando.

Eu sou burro, quebrado, instável e posso acabar com tudo.

Mas ainda sim, estou consegindo evoluir para que, mesmo que não seja contigo, que eu consiga me consertar e levantar a cabeça outra vez.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Banho de alma

Oi Nenna, tudo bem? Nossa, quanto tempo faz que não nos falamos, né? Acho que nem me dou conta mais de quanto tempo realmente faz pra dizer a verdade, só sei que faz muito, mas muito tempo mesmo.
Há um certo tempo que venho querendo te escrever, conversar de uma maneira que fosse tão inflexível e definitiva quanto a própria linguagem, e claro que não poderia ser diferente, só mesmo através de uma mensagem no Facebook, e poxa, por que não no começo de um ano? Pois bem, cá estou.
O motivo de eu estar escrevendo, é que, bom, primeiramente, o tempo passou e muito. Impressionante ver como o universo mudou, o meu, o seu, os ares nem são mais os mesmos no mundo, quem dirá da própria existência. Cara, como me enche os olhos abrir seu Facebook e ver a mulher que se tornou, como você foi longe! E tenho certeza que ainda não alcançou seus maiores sonhos, suas maiores ambições. E me enche de alegria ter a certeza de que você não vai parar enquanto não chegar lá. Me pego pensando como sua imensa força te fez transformar aquilo que estava ao seu redor em um universo e contra todas as tentativas naturais e forçadas de intervenções do perfeito funcionamento do mesmo, sua força foi lá e fez de você, um Sol.
Não quero me prolongar muito aqui, acredito que a vida esteja corrida e o começo de ano é sempre importante para organizar suas próximas jornadas e todo tempo é precioso e preciso.
Eu nunca tive a oportunidade de ouvir o motivo pelo qual você terminou comigo, um motivo em alto e bom som. Calma, não é uma cobrança nem nada, é só pra desenvolver mesmo. O tempo é um remédio, pelo menos sempre fez bem a mim. Eu aprendi, amadureci como nunca imaginei crescer, me desenvolver e voltar a caminhar. Precisei de meses pra engolir o amargo na boca, foram anos pra conseguir voltar àquela realidade e perceber, notar, entender que o motivo não era necessário ser dito.
Renna, hoje eu vim aqui lhe dizer que hoje entendo o que eu havia me tornado naquele relacionamento. Eu tenho completa noção do que eu fui contigo e do quão culpado eu fui não só pela minha própria dor, mas pela sua também. Não consigo imaginar, quanto menos mensurar quais foram os pesares, as agonias, as tristezas que passaram em sua vida naquele momento, naqueles momentos, antes e depois deles. Cada grito, empurrão, briga, força que impulsionei contra sua pessoa, eu não consigo imaginar como foi pra ti, não consigo medir, mensurar, pegar nem por aqui, nesta mensagem. Mas acredito que ainda tenho tempo de dizer algumas coisas. Não, não é uma explicação, eu não quero contornar nada do que eu fiz, visto que dor alguma deve ser diminuída por outra pessoa de maneira alguma, e não é isso que procuro.
O que procuro, Renna, é cumprir com meu dever, o dever de ao menos procurar sanar essa dívida. Eu falhei inúmeras vezes contigo. Falhei como companheiro, camarada, amigo, confidente, conhecido, namorado e como homem. Não que o dever de cada um desses substantivos signifique suportar, aturar ou proteger uma donzela indefesa. Não. O dever deles é deixar ir. O dever deles é deixar que o brilho brilhe, que as pernas andem, que a cabeça pense, que o amor ame, que a vida viva e que o mundo seja mundo. É não agir sobre o que não se deve. E eu fiz o contrário de tudo isso. Éramos tão novos. Eu mais novo ainda que você. E queria ter controle sobre as coisas, sobre o tempo, sobre o trabalho, sobre o mundo, sobre mim, sobre você. Como disse, eu não posso curar uma ferida, não posso sequer entender o que fui pra você, não tenho o poder de voltar e transformar as coisas nem alterar o passado, mas eu posso vir aqui te pedir desculpas. Não fui capaz até hoje de te procurar para dizer estas palavras por não me sentir preparado para tal e a cada dia que isso se arrastava, eu falhava outra vez com meu dever. Mas aqui estou, finalmente, para te pedir desculpas. Desculpas por ter sido quem fui. Me desculpa por cada segundo que não estava de acordo com qualquer comportamento aceitável. E me desculpe pelo que fiz a ti. Todo transtorno, toda tristeza, toda sequela, todo choro, toda dor... Me desculpe.
Eu precisei de tempo para dizer isso, talvez muito, mas sei que é preciso esse pedido de desculpas e de perdão. É importante e necessário pra mim fazer isso. Nem espero nada em resposta, só peço que leia e, bom, só hahaha.
O tempo passou, mais um ano se inicia e eu desejo a ti tudo de melhor neste novo ano, que seja um ano de muito, mas muito sucesso! Que mais e mais sonhos seus se realizem e que por onde quer que você passe, se torne um caminho tão brilhante e bonito quanto é seu coração. Claro que os votos também cabem pra toda sua família linda, que todos sejam muito felizes e que tudo de melhor aconteça em 2018!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

mais uma vez, a merda

Existe um problema muito sério acontecendo comigo, com a minha pessoa, com o meu interior. Eu bebo, e sempre bebi, para afogar as dores dos dias e esquecer do que me corrói. Nunca neguei que tinha problema com os cigarros que já fumei, com o que já usei e com o que bebo, mas hoje, após os 18 anos, posso fazer isso livremente, nas ruas, nas festas, em família... E eis a grande questão dos últimos eventos.
Eu não saio de casa como saia, não gasto como gastava e não bebo como bebia. Não tenho tantos contatos próximos como tinha e também sou tão irresponsável e porra-louca quanto antes. No entanto, hoje, estou me mostrando para minha família. Claro que em grau muito menor do que já fui um dia. Sou hoje, dois terços do que já fui, tenho um oitavo da irresponsabilidade que um dia já tive. Hoje, sequer afronto meus superiores, dentro de casa, nas ruas, na faculdade ou onde quer que seja.

Eu sei que sou um fracasso, sei que sou frustrado por isso e por diversas outras questões, e é mais que claro que desconto isso nas coisas mais banais, seja na introspecção, seja no desinteresse pelas coisas e seja, na maldita da bebida.

Meu pai fica louco com a bebida. Meu pai acha que sou um alcoólatra. Meu pai acha que já estou perdido, que nunca dispenso aquilo e que, desde novo, estou fadado ao fracasso por conta da mesma.


Ele está certo. Claro que não no grau que acha, mas está sim.

Eu dirigi bêbado com a minha mãe dentro do carro, eu bebi e muito na minha vida. Eu gasto com bebida, eu faço as pessoas gastarem e  odeio aceitar que todas essas coisas aconteceram, coisas do mundo adulto e que eu fiz com a mesma cabeça que tinha com meus 15 anos. É um caralho. É uma merda. Mas eu faço isso conscientemente, e eu não caio fácil. Pai, por favor, entenda que as coisas não são fáceis e em modo cascata. O que eu faço hoje não desencadeia no completo foço do amanhã.

Eu me odeio e odeio a vida que levo, isso é mais que óbvio. Mas eu sei viver a minha vida e sei segurar a minha angústia, mesmo em público.
Eu não me abro contigo ou com ninguém em família, acredite, nunca fiquei bêbado, ruim como fico, perto de ti.

Se acalme, eu nunca fiquei mal contigo. E olha que eu só saio com você.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A revelação através do gelo

O que eu estou prestes a escrever jamais disse em voz alta. O que estou a escrever, penso em fazê-lo há semanas, pois já percebo este traço de meu destino há um bom tempo. Eu, simplesmente, estou congelado. E não há pouco tempo.

Estou em meus 19 anos, para um cenário mais completo de como está minha cabeça, minha vida, minha vida amorosa, sexual, profissional, acadêmica, meus gostos, meu lado íntimo, meu lado relacional, irei esparecer e explanar tudo o que está aqui dentro, coisa que não faço há muito e que só mesmo em uma madrugada gelada após uma bebedeira este texto poderia ser escrito.

Desde que morri, eu aprendi muito e tenho percebido muito isso com as pessoas. Por justamente ter acontecido de maneira repentina, coisa que fazia parte de uma verdade absoluta para mim na época, aprendi a ler melhor os sinais e, com isso, minha primeira sequela que o amor e principalmente o feminino me trouxe, foi, bom, observar. Foi parar, olhar, perceber e, se interessar a alguém, contar, o que realmente é difícil, visto que ninguém gosta de acompanhar meu raciocínio ou me ouvir, foi-se o tempo em que isso era bom e acontecia. Com você, aprendi a observar, gostar mais da vida, das coisas fofas, bonitas, importantes e do pequeno.

Com a Alice, mesmo que nunca tenhamos nos encontrado intimamente ou que tenha se consumado algo, o que é uma das poucas coisas das quais consegui transformar a realidade em uma vontade minha, aprendi a curtir, gostar, arregaçar, coisa que faço até hoje. Eu, em uma festa, em qualquer situação, me transformo quando bebo, quando fumo, eu extravaso, e devo isso a justamente você, Alicinha, neguinha querida. Você criou uma parte de mim que sequer existia antes, e que, agora, é fundamental para minha existência. Te agradeço muito e me sinto enormemente honrado com tudo o que você fez por mim, pra mim, e comigo.

Depois, veio Iara, a tal da sereia do início de 2014. Com ela, aprendi a ir devagar, a ir testando, sentindo aos poucos o clima, a não exagerar e, bom, a confiar. Dessa vez foi diferente, Iara é a exceção. Ela era mais nova, vinha para cima com muita vontade, vinha com o ardor da juventude e eu pude perceber que, se aquilo não parasse, tudo se tornaria muito serio para mim, descompromissado, magoado, machucado e morto, e para ela, uma jovem estudante que acreditava no mundo dos livros, no mundo cor de rosa e na inocência das pequenas coisas, e por isso, falo da metáfora dela com os seus amados filhotes. Talvez pelo texto seja difícil entender o que tenha acontecido, o que realmente signifique essa metáfora, mas é que eu entendo. Ela tinha a brutalidade no ardor e a doçura nos afagos. É, deu pra resumir. É isso. Iara me ensinou a andar ao lado, perceber os lugares do bairro, a apreciar um jardim, a dar nome aos animais, a contar estórias e gostar das vozes que me cercam.

Muito tempo depois, já em 2015, veio ela, a chinesinha. A doce flor do oriente também tinha o seu nome, ela era muito legal, sabe, tão meiga quanto a Iara, tão legal e leal quanto a Alice, mas estava ali, presa num corpo pequeno, presa numa face espremida, presa em si. Xu, seu nome, era muito mais do que poderia me acontecer. Ela é o que nunca aconteceu, o que eu nunca fui, mas que me impulsionaram. Xu foi o meu imaginário. Com ela aprendi o sabor dos chás, o valor de uma boa conversa e o valor de transmitir uma mensagem, uma estória, seja através de uma obra audiovisual, seja a partir de um conto ou uma novela, seja brasileira, coreana ou chinesa. Ela tinha seu pai em sua terra natal, coisa que também a prendia em sua família tão sumida. Ela mal via seus familiares, mal sentia a presença distante deles, claro, eles nem estavam lá, eles sequer faziam parte de seu mundo. Xu era a prisioneira. Ela já era adulta, ela já era uma mulher, ela já era do mundo, já o conhecia e o desbravava tinha muito tempo, mas estava ali, presa em sua voz fina, em sua melancolia disfarçada, em seus relacionamentos fracos, falsos e que nunca combinavam em seus gostos, mas que ela adorava insistir. Xu extravasou muito em sua vida, tudo de forma velada, nada que violasse sua frágil casca, nada que violasse quem ela era. Xu era prisioneira de si. Não conseguia violar seu ser, não conseguia quebrar sua prisão. Ela me ensinou sobre os paradoxos da vida, ela me ensinou o que era um abraço apertado e tudo o que pode ser passado através dele.

No segundo semestre, houve a praia. Ah... A praia. Novembro, feriado de Finados para ser mais exato, eu a conheci, a princesa. Eu estava em minha fase mais politizada depois de minha morte. Nada disso pareceu transparecer naquele ambiente, eu bebi muito, podia mais, mas preferi me segurar para que ninguém passasse fome, vontade ou necessidade.

Lá, conheci Mariana, que não tinha o mesmo nome que o seu, dessa vez, eram os sobrenomes que batiam. Em nada ela parecia contigo. Era popular e extremamente extrovertida, mas como toda faceta popular, seu interior era de um imenso e grande vazio. Talvez tenha sido minha primeira paixonite real depois da minha morte, os motivos pelos quais cai nessa armadilha, talvez tenha sido meu orgulho ferido, ou porque todos estavam vendo e ansiando por aquilo, quem sabe. Sei que me envolvi, que fui burro e capturei migalhas enquanto ofereci grande parte do meu ser. O que Mariana me ensinou? Que eu nunca devo contar com o que não aconteceu. Que eu não devo ter medo do popular, do comum, do vazio e do pobre existencial, mas sim, desbrava-lo e fazer dele, meu alicerce no mundo real. Mariana me ensinou que o mundo real é esquisito e fraquíssimo em sinais, contradizendo o que aprendi contigo, contradizendo todas as minhas leituras de sinais, mas logo entendi que só entrava em contradição mesmo no mundo comum, no plano comum, da vida real, daí, me tranquilizei.

Depois do fracasso, de quatro horas de espera e migalha, mais uma vez, pude ver que aquilo não era para mim, iria me entregar ao celibato e fiel caridade. Eu decidi por isso. Fui à igreja do bairro e contei ao padre que estava realizando meu voto de celibato, para se entender o grau da coisa, esse voto foi feito em semana santa, com o Cristo coberto no altar da paróquia. Eis que, no domingo de páscoa, surge o convite, o convite para conhecer ela, Larissa.

Isso aconteceu no último Março, início do Outono. Larissa foi a última até agora. Com ela aprendi a aproveitar o pouco tempo, aprendi que apesar das relações serem muito intensas, de elas quererem, de elas serem beneficiárias de nós, elas estão no controle das relações. Larissa foi um sonho onírico, quase lúdico, mas que em dois anos não acontecia. Não sei dizer se existiu, mas aconteceu. Larissa foi uma coisa além, uma coisa ao qual eu também não tinha como lidar, era um leão a ser domado. Era o meu leão, meu lado mais feminino e que, ainda sim, fazia parte de mim. Larissa se fez mulher, estudante, entendida, interessada e parte ativa de uma tragédia grega, sua convivência no ambiente familiar. Ela era uma fera num ambiente ainda mais hostil. Larissa não entendia seus prazeres, seus gostos em meio àquilo. Larissa não entendia seu propósito ali e simplesmente fugia para os estudos, para a erudição que, com o tempo, virá e a consumirá, ou pelo menos é o que eu espero para Larissa. Larissa durou um dia, durou uma semana. Nunca mostrei meu lado interior a ela, nunca procurei mostrar meu lado morto a ela, apesar de ser o predominante e o real e, apesar de esconder tudo, ela se foi. Com ela aprendi que dosar as palavras é fundamental, com ela aprendi que olhar para si era primordial.

O que venho a concluir com todas essas revelações, nomes, comportamentos, pensamentos, acontecimentos e sonhos? Caro leitor, venho dizer que estou congelado. Tudo o que aconteceu desde que estou morto, todos os abandonos, términos, mau hábitos e rompimentos aconteceram por minha culpa, por causa de mim. Eu sou o suicida, e sabe o porquê disso acontecer? Porque como gelo, como congelado, minha função é derreter a mim mesmo, me desfazendo no espaço aos poucos.

Esse texto gigantesco serve para tirar de mim confissões que de maneira alguma faria em voz alta. Em grau alcoólico algum eu diria que minha opção pelo ideal monarquista vem de uma fraqueza em meu ser, onde eles sempre são os detentores dos feitos e da verdadeira consciência sobre o que se deve fazer, e realmente o são, e eu, estou há 3 anos parado.

Em Agosto, aniversariarei meu funeral. Nunca houve uma cerimônia, pois nunca deixei meu caixão. Desde então, passei na faculdade, uma faculdade boa que se provou um desgaste emocional, físico e psicológico e simplesmente vou às aulas, entrego trabalhos e pronto. Não movo uma pena além disso. Não reingressei no mercado de trabalho por ser preguiçoso, vagabundo e filho da puta. Não sinto vontade de fazer o que eu estudo. Sinto vontade do dinheiro, da rotina de benefícios, do dinheiro na conta, mas o trabalho... Bom, espera... Melhor dizendo, sinto vontade sim da convivência, de frequentar mais um ambiente, sinto vontade de mais gente ao meu redor, mas não consigo. Pronto, se era uma confissão, é para ser feita direito.

Desde que eu quebrei, não saio à noite. Saí 3 vezes, duas em família e uma com amigos, todas não aconteceram absolutamente nada, porque eu não fiz acontecer. Eu não vou pra cima, eu morro de medo, eu travo, eu não sei conversar, eu não sei conhecer ninguém, eu não sei ser otimista, pensar positivo e realizar bons feitos. Eu sou um bosta. Eu estou congelado. Eu ouço as mesmas músicas que ouvia há três anos, eu assisto aos mesmos filmes, os mesmos programas, conto as mesmas histórias, conto com as mesmas pessoas, meu círculo de amigos confiáveis não cresceu e não fiz amigos em bares à noite, muito menos sei como agir como uma pessoa normal no mundo real. De um lado, culpo a internet por me quebrar, por me fazer agir como um esquisito sendo que tinha um futuro tão promissor pela frente, sendo que tinha uma porra de um futuro brilhante e só fico preso a isso. Do outro lado, culpo a ti. Você me matou. Você acabou com o que eu tinha de vida e usurpou com minha casca, meus conhecimentos, meus interesses. Secou minhas lágrimas. Ninguém me fez tão mal quanto você me fez. Fico dias olhando para a porra da parede, sei minha casa de cor, sei os utensílios domésticos daqui de cor e faço desse abrigo, meu refúgio e minha prisão. Eu preciso sair dessa bosta desse caixão, sair dessa porra de iceberg, sair da dependência das pessoas, sair da costa de quem me apoio e fazer uma vida, uma realidade, a realidade da minha vida.

Caralho, eu já perdi três anos na minha vida. O que mais você vai tirar de mim? O que mais eu vou perder na minha vida? Porra. Preciso dominar tudo isso. Preciso viver, caralho. E parar de chorar.