quarta-feira, 13 de abril de 2016

a rapidez em que o bagulho some

Eu odeio como as coisas vão embora em questão de segundos, minutos, horas, dias e semanas. Tudo se esvai nas palavras ditas, nas atitudes feitas e nas ausências de bons resultados para com nossas expectativas.
Ficamos e você preferiu por passar duas semanas sem me ver. Ficamos nos estranhando depois de termos começado algo, ficamos estranhando nossa conversa que pouco fluia e você começou a não corresponder com minhas mensagens de carinho e ternura.
Estou quase no fim da segunda semana sem ti, são tempos difíceis, eu te desejo e aguardo por você respeitosa e ansiosamente na esperança de um novo convite rumo ao amor, ao desejo e seus beijos.
Nesse meio tempo, coisas esquisitas foram acontecendo, desde sonhos até pesadelos, um pouco de tudo. Hoje por exemplo, odeio ter de contar essas coisas, mas sonhei com a gaveta de um amigo, a vesguinha.
Estava eu em casa, eis que chegam mensagens da moça que vê o horizonte de um jeito não convencional me avisando que estava chegando. Um pouco depois, já no quarto aqui de casa, ouço o home theater nas alturas no andar de baixo e estamos eu, um tio meu, sua namorada e a vesga. É... Estamos fazendo joguinhos, meu tio e sua namorada vão nos dando tarefas, eu e a vesguinha vamos soltando faísca, ela muito afim, eu não dizendo nada, sabia de quem ela era a pretendida. Eis que uma das tarefas é encontrar um padrão de desenhos e completá-los corretamente, precisaríamos de um lugar plano e de canetas. Nesse momento, o som de pessoas falando fica muito alto, a namorada do meu tio acaba ficando com muita raiva, inclusive de nós, eu sorrio e fico falando encostado no ouvido da vesguinha, dando ideia, falando coisas que faria com ela assim que isso tudo acabasse, ela ria e eu babava seu cabelo, uma maravilha. Bom, sem lugar plano e com canetas só em outro cômodo, fomos para a cama do quarto da minha mãe, lá ela sentou, olhou os desenhos "mas isso daqui não é nem um pouco parecido com o que eu quero fazer", disse com sorriso de lado. Eu peguei em sua nuca, de pé, e ela jogou a cabeça pra cima fazendo biquinho com a boca. Eu não queria aquilo. Encostei no canto da boca dela e abri a minha, meti a língua. Beijo bom, do jeito que eu não sinto há anos, achei que iríamos começar aquilo que estava na nossa altura, digo, ela na altura da minha cintura, mas preferi acordar os olhos, não faria aquilo com amigo algum nem em sonho.
Além disso, coisas estranhas aconteceram. A liberdade do ser de uma amicissima minha foi alvejada pela brutalidade humana. Um pássaro que cai.
Ah, claro. E eu esperando alguém, você, mas isso não é novidade. Eu esperando pra que tudo dê certo. Der. Nada de diferente.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

era pra

Algumas coisas aconteceram na ultima semana, claro. Não só no Brasil, não só na política, na geopolítica global ou nas ruas. Mas aqui dentro.

Rolou, há uma semana, aconteceram os beijos, a mão dada, os olhares, algumas confidencias, a conversa fluida e gostosa, de riso frouxo e em nível de igualdade. Maravilha. Estasiado. Ansiedade e vontade de seguir. Vontade de mais.

Eis que, bom, domingo(3) você me dá um balde de água fria dizendo que não daria para nos vermos na semana. Fiquei espantado com tamanha diligência, jogando pra escanteio com frieza tanto o que aconteceu quanto meus pedidos para ficarmos outra vez. Um dia depois, bom, começou o apagão. Parou de falar comigo. Simplesmente. Terça, dei bom dia e perguntei como estavam as coisas, ela disse que estavam corridas, me deu bom dia e foi embora, é... Pelo menos pedi para que me chamasse quando as coisas estivessem melhor.

Quinta feira, ontem, ela apareceu. Falou comigo, ficamos ali por um tempo e, bom, chamei-a para almoçar. Ela ofereceu mais. Ela me ofereceu sua casa, sua cama, seu corpo. Ela me ofereceu a porta de entrada, as janelas, as quatro paredes e os lençóis. Eu queria. Fui sedento.

Era pra ser. Era para estarmos namorando. Era para estarmos nos beijando, juras de prazer e amor. Era para estarmos num passo a mais. Mas você não quis me ver, ou simplesmente não deu. Realmente. Okay.

Horas depois, joguei um verde sobre querer ficar contigo. Você?

Era pra querer algo sério.
Mas não quer.
Me quer, mas não como cara sério. Um alguém seu. Me quer aqui, como um, bom, negócio. Brinquedo para as horas que precisarmos. Sei lá, de verdade, não sei como agir. A monogamia me dá a falta de compreensão nisso. Combinamos, somos feitos um para o outro, mas você, bom, não quer assumir. Não quer tentar. A monogamia me faz querer esperar pelos cinco anos da sua faculdade. A paixão te quer agora.

E eu só quero um beijo seu. Que era para eu ter recebido hoje.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Finalmente, o arvorecer

Dia primeiro do mês de Abril, um trágico dia para muitas pessoas, muita piada ruim, muita calhorda, mas um fatídico dia para este cidadão que vos escreve. Primeiro de Abril. O dia em que eu perdi meu lacre e celibato bucal de mais de dois anos para um lado meu feminino. Explico.

Inicialmente, queria pontuar que estou em meio a madrugada realizando os toques finais para entrega de uma das partes do meu trabalho de conclusão de curso, claro que eu fui quem mais realizei e fiz parte deste trabalho, que sem mim, estaria em frangalhos e miúdos, logo, escreverei de maneira breve, pouco poética, apaixonada e frenética, visto que o tempo me sufoca.

Era um domingo de Páscoa. Dia santo. O domingo de Páscoa geralmente é marcado pelo renascimento, pela criação e surgimento de coisas novas, e assim foi. Cinco da tarde, me pipoca no celular uma mensagem, bom, um convite, para conhecer uma garota que "era a minha cara". Bom, eu há anos não tenho nada, vamos lá, pensei eu. E claro que me engajei nisso. A garota, bom, realmente, era igual a mim. A minha cara metade, em tudo. Tudo que fazíamos, tudo que falávamos, assistíamos e vivenciamos fazia parte de uma malha fina de realidade, sonho e experiencias, com as quais eu nunca compartilhei com ela, mas que ela havia feito de maneira muito parecida e muito próxima às minhas próprias experiencias. Sim. Ela é o meu espelho.

Nunca havia entendido os motivos pelos quais a Rainha veio a se relacionar com um espelho e ele se tornar seu confidente no conto da Branca de Neve, aquilo sempre me intrigou. Claro, muitas das antagonistas destas estórias faziam parte de alguma quebra na normalidade da vida das protagonistas, das princesas. Sempre a madrasta no lugar da mãe, a fera no lugar de nobres e assim vai. Contudo, neste conto, a má é a Rainha, a protagonista, e a Princesa, a própria Branca, bom, ela é serva dessa Rainha. Estranho, não? É o que eu sempre penso. Enfim. A rainha apresenta comportamentos que vão além do comum, do mágico e do onírico em um conto de fadas, ela encarna no espelho um amigo, um confidente, uma espécie de sócio e de cúmplice, tudo ao mesmo tempo. Nunca aparecem os porquês do Espelho servir à Rainha Má, só que ele é mágico e satisfaz seus caprichos, sem meias palavras e sem omissões. Ele é um espelho que não reflete, ele vê.

Com essa pequena introdução, volto à minha história de hoje. Ela, sim, é meu eu feminino. Em menos de uma semana eu descobri isso. E logo na segunda semana, que ontem completou, bom, acho que eu já a perdi.

Em uma semana, ela me mandou fotos, nos elogiamos, nos beijamos e nos acariciamos. A acompanhei até em casa e ficamos lá, nos beijando e conversando por alguns minutos. Foram horas de beijos em um encontro de poucas horas. Sim, o saldo foi extremamente positivo, eu saí feliz como nunca, planejando mil coisas e tendo a vitória como certa, de que a guinada da minha vida seria ali, sai espalhando pra todo mundo o que tinha acontecido e contei a todos que eu estava afim e namorando alguém. Bom. Engano meu.

Ela há um dia não fala comigo. Achei estranho e fui olhar o histórico dos últimos dias. Sexta-feira foi o dia dos beijos, próximo, sábado, dia da festa. Ignorei a pobre por quase um dia inteiro com a desculpa de que estava em um sítio com muito pouco sinal. Claro, aquilo era mentira, mas eu não iria ficar me sujeitando a climões ou coisas assim. Estava felicíssimo com o que estava tendo e não queria perder aquilo. E, bom, enchi a cara naquele dia. Garrafas de cerveja e copos e mais copos de caipirinha me fizeram declarar-me, afugentar-me e indagar coisas PARA ELA que eu jamais diria sóbrio. Já disse que tinha em minha cabeça a vitória como ganha, bom, agora, eu tenho a incerteza, a fraqueza e a derrota como aliadas. A madrugada do sábado para o domingo foi realmente horrorosa. Mensagens sem sentido, nenhuma risada, falei muito do que estava acontecendo ali e o que estava pensando. Pensando? Que queria. Acontecendo? Piriguetes. Alienadas, mortas e sofredoras da própria carne e do próprio desejo vazio de se tornar alguém através da carne e do nome das falsas redes sociais e linhas de relacionamentos. Eu comentei essas duas coisas em poucas mensagens. No domingo, ela já estava estranha. Foi o primeiro dia em que eu dei oi, e a bombardeei. Eu não deixei a pobre pensar, agir, queria conversar e simplesmente, acabou que não rolou, um clima horroroso foi posto ali e ela respondia curto, seco, sem muito brilho no olhar.

Fiz cagada. Fui burro. Perdi o certo. Mais uma vez.

Amanhã ou depois eu mesmo irei chamá-la, pedir desculpas e tentar esclarecer a minha situação quando me embriago e estou em festas com desconhecidos por todos os lados. Eu odeio beber, eu amo beber. Eu odeio me magoar e estar magoado, eu sempre magoo e termino magoado. Dessa vez, eu quero consertar para melhorar. Uma semana e eu estraguei tudo. Quero voltar já. Ela é tão legal, tão linda e inteligente, espero que essa seja a coisa certa. Rezei muito no dia primeiro. Pedi para que fosse ela, foi. Agora quem tem de fazer isso se tornar algo grande, bom, sou eu. Do céu ela já caiu no domingo de Páscoa.





Ou será que eu desisto e deixo ela vir?