quinta-feira, 14 de julho de 2016

enquanto o congelamento

depois do ultimo post, sequer consegui escrever outras vezes. fico dias olhando para as paredes, fotos antigas minhas e de meus familiares e, bom, olhando para aquelas fotos horrendas.

junto com tudo o que eu havia guardado daquele backup, procurei pesquisar mais nos áudios e videos. estou no primeiro dia de pesquisa, ainda nos vídeos e descobri que, bom, existe um outro pai.

tudo em casa é muito velado. nunca usamos palavras fortes, apesar de tudo o que se passa dentro de cada um de nós. os extremos sao nossos inimigos, sempre foram. odiar e amar são palavras restritas, ninguém diz por aqui, e quando diz, sabemos que é vazio, tao sem significado quanto chamar alguém pelo nome para perguntar onde está aquela meia. em meio a estes vídeos,inúmeros em que ele somente cita e explica, entre erros e acertos, seus feitos em sua empresa, para mostrar aos superiores e tudo o mais. mas ali também haviam vídeos de 1)declarações de aniversário ao meu irmão mais velho 2)reflexoes, orações e agradecimentos a deus por tudo o que havia acontecido até entao e por tudo que ele tem 3)videos da escola da... bom... garota da outra família na festa junina da escola.
Descobri o nome do colégio da garota, que ele visita essa família e frequenta este tipo de confraternização. sentimento com que vejo isso? não sei descrever. discriçao, acima de tudo. congelado. fico parado, assistindo. nao me vem lágrimas aos olhos e nem consigo fechar os punhos com raiva, apenas olho. ele grita, torce pela garota no fim do vídeo, grita seu nome.

percebem as dualidades do caso?
ele agradece pela família que temos, o que somos, mas está lá. isso me apavora. nao vou contar nunca o que aconteceu, o que eu vi, o que eu tenho aqui comigo, estes arquivos estão ao alcance de quem quiser encontrar, muito facil, mas estão comigo e muitíssimo bem guardados.

não posso destruir tudo. nao posso peitar ele. não posso simplesmente jogar tudo na mesa. somos mais que isso, o alicerce está tao bem montado que se desmoronar, acaba com todos nós aqui embaixo. tá foda ficar com isso na cabeça. tá foda guardar isso comigo, pro resto da vida.

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