segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Sonate Nr. 8 c-moll Opus 13, Pathйtique (Pathetique) - Grave

Ouço as músicas do Glenn Gould e é imprescindível que não pense no Pedro.
Pedro, caro leitor, era o namorado da minha sogra. Tanto Renata quanto Wladimir quando D. Edi, diziam que o Pedro era eu com mais de 60 anos. Incrível eles dizerem isso, pensava eu, tem nada a ver. Mas no final, tem tudo a ver.

A coleção que o Pedro tinha de DVD's, CD's, LP's e compactos era gigante. Assim como a minha, só que em formato mp3. O fato de ele morar sozinho e meio que angustiado é muito, mas muito equivalente à minha vida. Ao menos, neste momento. Ouvindo as versões do Glenn Gould das músicas do Beethoven, no qual consta no título deste texto, tenho a vontade infinita de convidá-lo para uma tarde regada a café e uns 3 ou 4 álbuns do Glenn Gould. O Pedro gosta mais das versões em que a orquestra inteira toca. Quanto mais, melhor. Mas me sinto repleto de vontade de apresentar Glenn Gould ao meu amigo.

E aí entra o drama.

Como convidá-lo? Não tenho o número. Trazendo ao mundo real, teria de ligar ou para a D. Edi, ou para a Renata. Lembro que Renata ainda não me deu nenhum retorno quanto as coisa que pedi. Fico puto. Filha da puta, ela não tem o mínimo de consideração. Desvio do foco. Pedro. Bom, penso em ligar para a D. Edi, ela é muito gentil comigo, seria, no caso, caso eu ligasse pra ela. Acredito que não me passaria o número do Pedro, visto que, ele é "próximo" à Renata e ela rapidamente faria a associação errada de que iria ao Pedro para chegar à Renata. Fico putíssimo, não posso nem ao menos mostrar ao Pedro a minha descoberta. Ele, que já ouviu tanta coisa, que já está cansado dos velhos estilos de 60's, 70's e 80's. Ele que só ouve erudita e música que toca nos SESCs do ABC. Por que não posso?

Penso novamente em ligar para a Renata, pedir minhas coisas, praticamente implorar para ela ter o mínimo de senso e me dar um retorno, ser coerente. Assim como Laura fez com o Rob. Penso em como os futuros genros que a D. Edi possam ser. Claro que mais alegres, interativos que eu. Isso é mais que óbvio. Querem entrar para a família. Tiveram outra criação. Querem foder a Renata de 20 em 20 minutos, e ela foderia numa boa. Penso, em como se encaixariam os novos genros que D. Edi teria. Não se encaixariam. Não ouviriam e estariam tão abertos à um mundo tão novo. Exceto que, já estejam inteirados deste universo. Difícil. A pessoa que ouve MPB e vai à SESCs não estaria aberto à música erudita. Tampouco da música francesa. Tampouco dos forrós que D. Nelita, a falecida avó da Renata, gostava de ouvir. Uns baiãos muito bonitos. Olha, tampouco à alimentação. Comer ali se torna complicado se você está acostumado à churrasco e farofa. Olha, é foda comer ali. Ainda mais se ela optou por continuar sua peregrinação no vegetarianismo. Aí o cara tá fudido mesmo. E a relação com o Pedro. Nossa, o cara não pode estar tão aberto à novas coisas e dar de cara com o Pedro. O Pedro é uma entidade, não uma pessoa. Sério. Quem, com 60 e tantos anos, pode correr meia maratona por puro esporte, fazer ioga, ir ao concerto na cidade vizinha e ainda foder por quase uma hora e meia, tudo no mesmo dia? O cara é um mito. Deve ser constantemente exumado e santificado. O admiro, e me pego, ainda hoje, pensando, caralho, ele sou eu. Eu QUERO ser assim. E, sei la, meio zuado. Mas eu aceitaria, sabe. Ele passou pelas mesmas coisas que eu. Sei lá, osso. Onde parei? Ah sim, genros. Futuros genros. Noras talvez. Sei lá onde parou o fio da meada dessa garota. Enfim, acabo de me pagar numa metafísica muito da louca e questiono, caso Renata encontre alguém infinitamente melhor que eu, i n f i n i t a m e n t e  melhor que eu, ela o amaria? Mais? Menos? Equivalente. Igual. Ou pior em tudo. Melhor em tudo. Será a submissa? Será a "dominadora", como foi comigo? Você tinha medo de se apaixonar por não saber como era o amor. Negava-se ao que estava escrito no dicionário e nos livros. Acreditava nas músicas. Nas pessoas. Amantes, sabe. E me vejo revirando o passado para ter, enfim, a pergunta de um bilhão de euros. Você, realmente, aprendeu a amar? Amou? Quem? Eu?

Eu não ligo muito, mas me dá um negócio no peito, imaginar que tudo isso, foi uma completa mentira.

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