terça-feira, 23 de junho de 2015

Doce erva mate do oriente

A vida é a sucessão de fatos suscetíveis por erros, escolhas e acasos. Quase não há controvérsias a isso e caso ocorra, será para por mais algum fator nessa equação. Ser um novo adulto, é enxergar um véu tênue entre a infância, a puberdade, a jovialidade, a maturidade, a velhice e a morte. Explica-se e entende-se muito sobre o que foi feito e como se sucederam as relações enquanto éramos crianças e menores, onde não entendíamos e não podíamos ver a vida como ela deve ser vista e analisada piamente e religiosamente, todos os dias.

Esse início me ajuda na chamada deste tópico. Acabei de sair da sala de cinema, onde vi o novo filme da Pixar. Pra quem gosta ou simplesmente assiste, cada filme da Pixar merece uma atenção extremamente minuciosa e dando o devido mérito e respeito para talvez as obras de animação mais veneradas e merecidamente respeitadas da arte audiovisual. Nessa nova animação, são tratadas as emoções humanas do lado de dentro, no "controle central" da cabeça, ou do coração, como melhor entendemos aqui em terras latino-americanas. Claro que não vou pontuar o filme ou me pautar exclusivamente sobre ele, não. Só gostaria de comentar que ele abre uma janela na cabeça, que vai lá na infância, busca memórias e sentimentos perdidos e traz a tona, tudo em menos de duas horas de exibição. Essa montanha russa, que cada vez é mais recorrente no cinema, acaba por ser viciosa ao grande público que "vai preparado para chorar", ou ainda "é um entretenimento mais pesado" (entendendo por "pesado", o triste, cabisbaixo, pensativo). Essas falas são tão viciadas e desmoronadoras de sentimentos e pensamentos, que simplesmente arrebatam multidões e milhões de dinheiros locais e internacionais, e nada se cria a partir dali. Só a lágrima, que pode ser a emoção mais fácil de ser arrancada de um expectador. Que eu prove? Mostra uma cena chocante, uma criança sofrendo uma injustiça, uma mãe morrendo... Inúmeras combinações temerosas a qualquer ser racional e alfabetizado emocionalmente. Acontece que, a mensagem de uma obra audiovisual, literária, musical ou visual não é sequer entendida pelo público, pelo consumidor de uma obra deste porte.

Claro que isso não faz parte do que eu quero falar. Quero falar de decisões, de erros e da passividade diante de problemas conjunturais, morais e claro, emocionais. É de conhecimento, acredito que, geral que eu tenho problemas de relacionamento, principalmente no que tange o campo feminino e amoroso do jogo. Sempre que vem uma chance mais clara e oportunista de eu me "dar bem", eu acabo cagando e matando a chance, sem nem externar isso pra alguém. Eu simplesmente fico em casa, choro e fica tudo certo. Ao menos pra mim.

Me lembro de uma garota linda que gostava de mim no pré. No dia da formatura, ela chamou a mãe dela pra me apresentar, eu sequer tinha noção do que era paixonite, amor, paixão ardente, futuro ou qualquer tipo de relação além da familiar. Eram duas negras lindas, a filha e a mãe, meu pai ficou empolgadíssimo com aquilo e até mesmo tirou uma foto de nós dois juntos. Eu nem entendia o porquê da garota não sair do meu pé, eu só queria conversar com a garotada e jogar bola, mesmo que horrorosamente. Claro que esse dilema, entre ser mais amigo e manter mais contato com amigos e ir lá conversar e possivelmente ficar com alguma garota, me persegue até hoje. Tenho esse grave problema, de deixar o amor pra depois e acabar sem nada nas mãos. Nem amigos, nem companheiros e nem namoradinhas, amores... Enfim, acontece que essa situação do pré se repete a cada biênio, por incrível que pareça. Eu chego em um lugar, alguém dá em cima de mim, eu demoro a entender e corresponder e a garota já está em outra sintonia, outro objetivo. Um enorme empata-foda, ou um desperdiça-foda. Sei lá.

Sei mesmo, é que a doce flor do oriente vem me agraciar, mesmo sabendo e sentindo que estou meio zuado depois de ter entendido o que era o tal do relacionamento aberto dela, que nada mais é que uma traição silenciosa, onde quem cala, realmente, consente, com seu perfume e abraço apertado. Ela sabe que está meio estremecida a coisa. E ela ainda está estremecida com tudo. Mas, bom, decidi tentar. Eu sou trouxa mesmo, e por honra, por medo de falarem de mim, de afrouxar mais uma vez, eu vou tentar. A partir de uma determinada hora, parei de mandar aquelas mensagens secas monossilábicas e comecei a falar do meu dia e discorrer sobre diversos assuntos (agradeço, claro, mais uma vez aos Lumière, por criar o cinema,  e por ser uma fonte inesgotável de assunto e de paixão. Todos gostam de cinema, mas só quem realmente ama, é capaz de falar horas sobre o mesmo filme, ou dias sobre um subgênero, meses sobre um gênero e anos sobre um determinado mercado cinematográfico regional), até a hora de ela deitar e dormir.

Não, não estou apaixonado, sequer deu tempo ou vai dar tempo. A questão é que, dessa vez, vou tentar lutar pelo que pode vir a ser meu. É complicada a maneira como essas coisas se organizam na minha cabeça, eu sei, mas acredito que é hora de procurar alguém para construir um futuro primeiramente, apresentar pra minha família e sair de mãos dadas, além de acabar com o celibato, quem sabe. Eu escolho sim, por não errar e deixar passar alguém por entre meus dedos. Tenho chance e vou agarrá-la, sem fraquejar.

O mérito sobre tudo isso pode ser meu, sim, mas cabe a ela entender e ignorar meus problemas e, bom, corresponder ao beijo que roubarei.

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