segunda-feira, 22 de junho de 2015

O modernismo classicista e o eremita celibatário

Engraçado como tudo que se tem hoje, é construído encima de estruturas mutáveis, frágeis e imediatistas, e como nada aguenta sequer a primeira onda, acabando por desabar e espatifar-se rente ao chão.

Explico.

Desde o fatídico dia, meu coração, cabeça ou nada do meu corpo, teve alguma musa ou amorosamente dizendo, uma pretendente. Talvez tivesse a Iara, no ano passado, que durou cerca de dois meses, para só acontecer selinhos e eu ver que ela era completamente incompatível comigo, e que eu, na verdade, prestava um desserviço àquela que cortava os pulsos. Um atraso para uma garota de 16 anos, dois anos mais jovem que eu, completamente inconcebível hoje. Eu sequer aceito mais pensar nisso. Pretendo neste texto, explanar diversas características, por pura necessidade de registro e de releitura futura, a fim de buscar nostalgia e, quem sabe, culpa e remorso.

Ainda sim, ouvindo os mesmos estilos musicais de antes, durante e depois de minha morte, e agora, na fase dois do post-mortem, eu talvez esteja tendo a primeira chance de dar uma guinada em minha aparência e possa, finalmente, dar novos ares às minhas manhãs. É. Ela faz parte do mesmo curso que faço à tarde, na mesma sala e no mesmo horário. É da minha sala sim, e naquela sala cheinha de crianças (que deveriam permanecer intocadas) e jovens que mais sabem destruir-se ao invés de preservar-se e evoluir enquanto conscientemente, ela surge. E com o aval positivo dos outros membros da sala e alguns colegas mais amigáveis.

Não, ela não é morena e nem uma brasileirona como eu gosto e sempre desejei, optando por contrapor meus irmãos, com suas devidas companheiras caucasianas, e manter as raízes da cor escura na família. Trata-se de uma oriental. Sim. Uma oriental, e além de tudo, da primeira geração pós vinda ao Brasil. É uma oriental pura, e, mais que tudo isso, uma chinesinha. "Cacete, tudo o que você queria mesmo, um amor BRICS!!!", exatamente. Talvez só uma pegada BRICSista. Se pudesse rolar ou combinar.

Ela é uma chinesinha de menos de 40 kg, de minha altura e altamente expressiva junto ao fato de que, sim, parece um anime ambulante e 3D. Caricaturadíssima, eu sei. Pra mim, que sempre opto por sequer aparecer ou ser notado, um alguém que busca alternativas em homeopatia, mapa astral e fala gritando no meio de uma avenida, pra dar oi a quem está do outro lado... É completamente inaceitável e incompatível. Sequer procuro por alguém assim, e até saio correndo de quem tenha uma pitadinha qualquer de um destes elementos, mas o trabalho e a aula nos juntou. 

Acabei parando na mesma equipe que ela, o que seria um trabalho distante e fácil, passou a ter uma enorme dificuldade e necessidade por aproximação quando eu passei a ser produtor e assistente de diretor, onde ela era quem dirigia. E assim aconteceu. Saíamos da aula, onde conversávamos pouco, nos abraçávamos em média frequência e o contato era realmente profissional, para as conversas pelo celular, com assuntos mais abrangentes e mais adversos que o restante conversado durante a tarde do curso. Os assuntos, passíveis de maior discussão e tempo, eram escolhidos a dedo, afim de mais procurar simplesmente uma intimidade maior com ela, para entendê-la e transpassar isso para o trabalho. Deu numa aproximação sentimental também. Não quis a nenhum momento parecer apaixonado, afim de algo ou eloquente, só quis ser um cara legal, direito e que estava a fim de um trabalho bem feito, que foi o que foi feito.

O trabalho resultou em dois prêmios dos meninos, nenhum para nós. Claro que tiveram outros fatores externos, mas dois dos prêmios estão com nosso trabalho e é isso que importa.

O tempo foi passando - cerca de um mês - e as coisas foram melhorando e piorando, dependendo do fator e do ângulo em que se olha. Fui a festas onde eu bebia e ia conversar com ela, encorajado pelo álcool em meu sangue, e só saíam assuntos cabeça, claro. Não podia ser diferente vindo de um velho chatíssimo que mais procura um parceiro de discussão do que um parceiro sexual. Ela, por outro lado, entendia e correspondia positivamente aos assuntos, que não foram fáceis ou levianos não, desde sistemas políticos alternativos a discussões sociais e filosóficas sobre padrões comportamentais e fases da vida. Em meio a isso tudo, com tanta concordância e uma faísca em meu peito, ela estava bem mal por causa do ex-namorado. Um cara escroto que mais queria curtir do que se importar com alguém. Eles tinham um relacionamento aberto, onde ela "ficava" com alguém embriagada ou em situações onde a libido não a deixavam responder em si,  e ele simplesmente saía e comia todas. É isso. Abriram os olhos dela e, enfim, terminaram. Desde então, mais de 8 garotos passaram pelo radar de desejo da doce flor do oriente, e não fui citado a ninguém por ela. 

Este é o buraco em que eu me meti.

Quando soube e pude reparar que a aproximação era mais sentimental, e que o caminho estava livre para mim, comecei a dar uma investida mais agressiva, ainda leve, mas mais agressiva, no que se abrange somente a falar sobre assuntos amorosos e corporais. Claro que isso despertou sua excitação, mas começou a ser orientada não a mim, mas a outrem. Um dos alvos em que já havia declarado estar afim de entrar em seu extenso catálogo de bocas beijadas. E assim foi, todo êxtase e faísca que acendi, foi direcionada não mais a mim, mas a outro alguém.

O que parecia combinar tanto outrora, agora finalmente se revelou destoante de todo o resto situacional. Este "amor" que surgiu em semanas, dias, horas, se esvai em questão de segundos, por desinteresse e desencantamento. O que parecia concordar um dia, política, amorosa, social, jurídica e previamente discutido, agora se prova o contrário. Baladinhas, festinhas, desejo por ser notado, desejo por notar e desejo sexual impulsivo. O completo desprendimento de responsabilidade, consciência e valor. A total dissonância com o discutido ou respeito ao ser.

O jovialismo e adolescentismo faz mais vítimas a cada dia. E acabou de levar um possível romance nas frias brisas do inverno.




O inverno. Levando mais coisas de mim, mais uma vez.

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